domingo, 16 de novembro de 2008

Dificuldades de aprendizagem

Classificação dos problemas de aprendizagem:

Distúrbios de Linguagem Escrita

Disgrafia

Refere-se ao ato motor de escrever, de que resultam muitas vezes, em grafias confusas e até mesmo indecifráveis.

O educador poderá utilizar as seguintes atividades:

Utilizar computador.
Seguir objetos com os olhos, mantendo a cabeça fixa.
Objeto fixo, movimentar a cabeça.
Seguir com os olhos um jogo imaginário de ping-pong.
Em passeios perguntara criança o que está vendo.
Fazer desenhos livres e espontâneos.
Utilizar brinquedos de montar.
Pintar os dedos, seu corpo.
Percorrer labirintos com o corpo, com os dedos, com o lápis.
Trabalhar com areia, água, lixa, tinta.
Andar sobre a palavra escrita no chão (com areia, pedrinhas, lã...).
Elaborar atividades escritas onde à criança possa trabalhar utilizando-se de um sinal (questões objetivas).

Disortografia


Consiste na dificuldade de memorizar as regras ortográficas e sintaxe, trocas ss/s, s/ç, rr/r, ch/x,
Confusão de gênero, de número, inversão, erros sintáticos grosseiros.
A disortografia caracteriza-se por:
Falhas de percepção, discriminação e memórias visual e auditiva.
Problemas de audição ou visão.
Problemas de linguagem (articulação e pronúncia).
Dificuldade de estruturação de espaço e tempo, de esquema corporal e de lateralidade.
Falta de concentração e atenção.
Metodologia, programas e currículos inadequados.

Manifestações:
Troca de sons semelhantes (p/b, t/d, q/c, k/g, x/ch, s/z).
Confusão de letras de forma semelhante (m/n, n/h).
Confusão de letras que têm a mesma configuração gráfica com diferença no semicírculo em torno da haste ou de si mesmo ( p/q, b/d, u/n).
Omissão de letras (chocolate / chocoate).
Acréscimo de letras (ambulância / ambunlância).
Inversão (escola / secola – corredor / coderror).
Escrita espelhada.
Mistura de sílaba de uma palavra com a outra que sucede ( mãeme me ama).

Sugestões de atividades:

Construir palavras com massa de modelar e argila.
Colorir letras em papel pronunciando os sons.
Fazer colagens com as letras.
Confeccionar instrumentos musicais.
Trabalhar som de cada letra com os instrumentos musicais.
Andar sobre palavras e letras.

Dislexia

Dificuldades de aprendizagem na leitura relacionada à identificação, compreensão, interpretação dos símbolos gráficos. Leitura defeituosa, lenta, silabada. A criança não é capaz de soletrar palavras, mesmo que reconheça as letras. Troca as sílabas, substitui letras, omite letras ou palavras, inverte as letras e, algumas vezes, tenta ler de traz para frente, confunde letra com simetria semelhante.
A dislexia consiste na dificuldade em adquirir a leitura na idade habitual, excetuando toda debilidade ou deficiência sensorial; a ela associam-se dificuldades de ortografia, em alguns casos distúrbios de linguagem e distúrbios psicomotores.

As crianças podem apresentar as seguintes características:
Perturbações da percepção e da imagem corporal;
Falhas perceptuais de tempo e de espaço;
Instabilidade motora e psíquica;
Distúrbios de atenção, memórias visual e auditiva;
Troca de letras.

Sugestões:
Utilizar a massa de modelar, argila, o corpo, ... na construção da escrita.
Trabalhar o esquema corporal.
Trabalhar com diferentes ritmos.
Desenhos e pinturas.
Relaxamento.
Computador.
Pesquisa em dicionários, livros e revistas.
Dramatização.
Brincadeiras e jogos.
Distúrbios de Linguagem:

Distúrbio da articulação das palavras.

Dislalia
Consiste em uma dificuldade de articular as palavras, caracterizando-se por uma substituição dos fonemas. A criança pode trocar um ou mais fonemas entre si ou substituir todos por um determinado.
Omissão: retirada de um determinado fonema.
Inversão: coloca fonemas ou sílabas em ordem inversa.
Acréscimo: acrescenta um fonema que soe mais forte.
Distorção: fala o fonema sem colocá-lo ao ponto correto de articulação.

Atividades sugeridas:
Vibrar os lábios (soprar com a boca fechada).
Roçar o lábio superior e inferior com os dentes.
Juntar o lábio (primeiro superior, depois o inferior), usando os dedos, indicador e polegar puxando-os para frente.
Soprar algodão (podendo utilizar canudinho) ou vela, chamar cavalinho, mandar beijinho, tocar gaita ou flauta.
Encher balões.
Estalar a língua (imitar o trote do cavalo).
Lamber picolés, pirulitos grandes e pequenos.
Escovar a língua de dentro para fora.
Tocar o canto dos lábios com a ponta da língua.
Circular a ponta da língua entre os lábios e os dentes.
Dobrar a ponta da língua passando-a no céu da boca.
Tossir.
Raspar a garganta.
Gargarejar.
Bocejar
Abrir e fechar a boca rápida e fortemente.
Mascar chicletes sem articular a mandíbula e de boca fechada.
Abrir a boca rapidamente e fechá-la devagar.
Olhando-se no espelho, explorar gestos e mímica facial.
Recitar versos, cantar e fazer dramatizações que incluam fantoches e a gestualidade facial.
Usar trava-línguas.



Distúrbio de Aritmética


Piaget afirma que é um erro supor que uma criança adquire a noção de número simplesmente através do ensino, e nos alerta para o fato de que, quando os adultos tentam impor à criança conceitos matemáticos, antes dela estar pronta para isso, sua aprendizagem torna-se simplesmente verbal.
O desenvolvimento dos conceitos numéricos começa desde um ano de idade, com a manipulação de um objeto após o outro pela criança; esse é um pré-requisito para a contagem. A medida em que brinca com formas, quebra-cabeças, caixas ou panelas, a criança adquire uma visão dos conceitos pré-simbólicos de tamanho, número e forma. Ela enfia contas em um barbante ou cola gravuras em quadros e, assim, aprende sobre seqüência e ordem. Aprende também as expressões: “acabou, não mais, muitos”, isto amplia suas idéias de quantidade.
Estamos afirmando que a linguagem matemática possui aspectos internos, receptivos e expressivos, assim como acontece com outras formas de comportamento simbólico. Uma criança, inicialmente, assimila e integra as experiências não-verbais, depois ele aprende a associar os símbolos numéricos á experiência e, finalmente, expressa as idéias de quantidade, espaço e ordem usando a linguagem matemática.


Procedimentos Educacionais:

Conceitos não-verbais: ao ensinar uma criança com discalculia, o principal objetivo é ajudá-lo a simbolizar um determinado tipo de experiência para lidar com relações quantitativas.
Ela não consegue compreender as relações de quantidade, ordem, tamanho, espaço e distância, não compreende os conceitos de número e quantidade. Por exemplo, devemos usar materiais concretos para facilitar e tornar significativa a aprendizagem.

Formato e forma: Os processos de raciocínio para os primeiros pensamentos quantitativos se baseiam, em grande parte, na observação visual. São úteis vários tipos de problemas, incluindo quadros para fixar gravuras, formas de encaixar, quebra-cabeças, etc. Passos para terapia: comece com um quebra-cabeça em que somente uma figura possa ser encaixada em um espaço, use figuras de duas dimensões, trabalhe as atividades motoras gerais para o estabelecimento de diferenças de forma.

Tamanho e comprimento: Use o que foi citado anteriormente e dê preferência a figuras de formas e cores idênticas, para que a criança não a faça a diferenciação com base em outros fatores, além do tamanho.

Correspondência termo a termo (biunívoca): Antes de adquirir o conceito de um número ou de aprender a contar com sentido, a criança precisa compreender relações termo a termo. Utilize as seguintes técnicas: emparelhar fileiras de pinos, utilizarem o tato, preparar diversos de flanela em que haja números diversos de botões, colocarem uma série de figuras de bonecas de papel em uma fila e peça que a criança desenhe um chapéu para cada uma, passar tarefas que desenvolvam a compreensão de números.

Contagem: Fazer com que a criança feche os olhos e se concentre somente na contagem e escute a batida de um tambor, fazer com que conte objetos exigindo uma resposta motora e ensinar, através de exercícios com seu corpo, o conceito de contagem ordinal.

Símbolos Visuais: Logo após ter aprendido a contar auditivamente, a criança torna-se consciente dos números escritos nos livros, nas placas de ruas, carros e nas lojas. Utilize linhas de números, apresente configurações feitas com pontos, como aquelas encontradas em dominós.

Conservação de quantidade: Piaget afirmou que as crianças precisam dominar o princípio de conservação da quantidade antes de poderem desenvolver o conceito de números. Os procedimentos para o desenvolvimento desse princípio incluem a utilização de materiais concretos e manipuláveis.

Visualização de grupos: Um problema comum a muitas crianças com discalculia é a sua incapacidade para identificar rapidamente o número de objetos em um grupo. Essa incapacidade impede as operações aritméticas e interfere com as situações diárias em que é útil ter facilidade para visualizar uma quantidade. Por esse motivo, é necessário ensinar agrupamentos de números.
A linguagem Aritmética: Não se deve esperar que cada criança use símbolos aritméticos antes de compreendê-los. Problemas que podem ocorrer quando as crianças começam a calcular: sinais de operação, alinhamento e organização dos números, seqüência de passos, solução de problemas e raciocínio.


Principal distúrbio de Atenção:

TDAH – Transtorno do Déficit de Atenção: O TDAH é um transtorno genético e neurobiológico, mais freqüente na infância e na adolescência. Acomete cerca de 8% das crianças e provoca um grande impacto sobre o portador, sua família e sociedade.
O maior impacto na escola é no aspecto comportamental e de desempenho acadêmico. Sabemos, hoje, que o problema do TDAH não é apenas a dificuldade de atenção, impulsividade e inquietação, mas, sobretudo, a disfunção executiva. Entende-se por ela, a dificuldade que essas crianças têm de planejar, montar estratégias, estabelecer objetivos, controlar-se, conseguir avaliar e armazenar informações na memória. Imagine uma criança ou adolescente sem o bom desempenho destas funções. Ocorreria um verdadeiro desastre no processo de aprendizagem, mesmo que o aluno tenha uma inteligência normal, ou ainda, acima da média. Entre outros problemas ligados ao TDAH, destacam-se o insucesso profissional, a baixa auto-estima, a propensão ao uso de tabaco, álcool e drogas, e acidentes em gerais.

Orientações:
1) Posicione o aluno sentado ao lado da mesa do professor, longe da janela e da porta.
2) Dê comandos diretos e objetivos para que ele não se perca no meio da explicação.
3) Utilize recursos audiovisuais e diferentes cores no quadro.
4) Escolha um tutor para o aluno “amigo do estudo”.
5) Designe responsabilidades e torne-o seu ajudante de sala.
6) Sugira tarefas mais curtas e auxilie o aluno quando for iniciá-las. Divida os projetos longos em etapas.
7) Antes de iniciar um novo conteúdo, recorde brevemente o anterior.
8) Sugira mais pausas, reserve um momento para escapes físicos.
9) Mantenha uma agenda com anotações da criança, dos pais e dos professores. Reúna-se com os pais freqüentemente.
10) Evite enfatizar os fracassos do aluno ou comparar seu desempenho.
11) Na medida do possível, dê assistência individual a esse aluno.
Tipos de personalidades encontradas no cotidiano escolar:

Agressividade: Quando uma criança é chamada de “agressiva”, “rebelde”, “desobediente”, “rude”, ou se diz “está pondo para fora” as emoções, deve-se ter presente que estes são todos rótulos resultantes de julgamentos. Às vezes, a criança é vista como agressiva quando está simplesmente manifestando raiva. As crianças que se envolvem em comportamentos hostis e destrutivos, devem ser vistas de acordo com OAKLANDER (1989), como crianças que possuem sentimentos profundos de ira, sentimento de rejeição, insegurança, ansiedade, sentimentos de mágoa, e muitas vezes, um senso de identidade confuso. Esta criança tem também uma opinião pobre a respeito do seu eu. É incapaz de expressar o que está sentindo, ou não está disposta a isso, ou ainda tem medo de manifestar seus sentimentos; pois se o fizer poderá perder a força que reúne para se envolver nos comportamentos agressivos. Este tipo de criança necessita de muita atenção e carinho.

Raiva: É um sentimento honesto, normal. Todo mundo tem raiva. Numa idade bastante precoce as crianças aprendem a suprimir estes sentimentos, experenciando em vez disso, vergonha como resultado do desagrado da mãe ou então culpa pelos sentimentos de raiva e ressentimento que as oprimem.


Hiperatividade: A criança hiperativa pode ter dificuldade em ficar sentada quieta, remexe-se, tem a necessidade de se mover muito, às vezes, fala excessivamente, pode ter maneirismos desagradáveis, bate nas outras crianças, provocam vários tipos de discussões e conflitos, tem dificuldade em controlar suas necessidades, é impulsiva, geralmente tem uma coordenação ou controle muscular pobre; é desajeitada, deixa cair objetos, bate, quebra e derruba. Tem dificuldade em fixar sua atenção, distrai-se facilmente. Algumas vezes, faz um monte de perguntas, mas raramente espera as respostas.
Sugestões: utilizar atividades com materiais como: argila, areia, água, lama ou pintura com os dedos, acompanhar o rápido focalizar e refocalizar de atenção, fazer com que perceba o que está fazendo, colocar música clássica enquanto pintam massagear as costas ou as mãos das crianças, utilizar exercícios de respiração e relaxamento, permitir que corram, que caminhem em grupos, que conversem uns com os outros e que tenham oportunidade de escolhas. Todas as crianças precisam experenciar a tomada de decisão, para reforçar o seu eu; especialmente as crianças hiperativas precisam da oportunidade de exercitar sua vontade e julgamento de modo positivo.


A criança retraída: A criança que é retraída talvez tenha a necessidade de retirar-se, afastar-se, de um mundo que seja doloroso demais. O problema só se torna aparente quando a criança começa a exagerar seu comportamento tímido. Poderá falar o mínimo possível, ou talvez não falar.
As técnicas expressivas são especialmente úteis para as crianças retraídas, que pouco se comunicam verbalmente.
A criança retraída, muitas vezes, acha-se em estado de isolamento porque é incapaz de participar de uma comunicação interpessoal livre e segura. Tem dificuldade em expressar seus sentimentos de afeto bem como de raiva. Ela tipicamente se mantém num local seguro, evitando o risco de rejeição ou mágoa.

Temores: As crianças têm muito mais medo do que percebemos. Para cada temor que expressam abertamente existe muitos que elas mantêm só para si. As crianças têm necessidade de falar sobre seus temores.
Sugestão: trabalhar sobre o desenho que ela produz e brincar de bonecos e dramatizações.

Insegurança: A criança que sente a necessidade de apegar-se fisicamente aos outros possui um senso tão vago de si mesma que se sente bem apenas quando pode fundir-se com outra pessoa. Trabalhar com estas crianças envolve experiências progressivas do fortalecimento do seu senso de si próprias.
Podemos principiar com atividades sensoriais; passamos depois para exercícios físicos e jogos que envolvam uma familiarização com sentimentos, auto-imagem, imagem corporal, e tudo isso com experiências que envolvam fazer escolhas e expressar opiniões. À medida que trabalhamos, emerge material a ser elaborado, pois esta criança é um ser humano real, vivo, importante e único, que até então tinha se perdido.

*Alessandra Caldeira da Costa


“Para que a criança se sinta amada incondicionalmente, é necessário”,
acima de tudo, que seja respeitada”.

( Içami Tiba)

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