quarta-feira, 26 de maio de 2010

GESTÃO ESCOLAR






Gestor Escolar – Liderança Pedagogicamente correta?

Por Alessandra Caldeira da Costa
(Psicopedagoga e Mestranda em Educação)


O estudo e os conceitos de gestão na educação brasileira começaram a ter ênfase a partir de 1980, quando os sistemas nacionais e estaduais reconheceram como eixo importante em suas políticas de melhoria na qualidade do ensino, com a intenção de tornar o espaço e o trabalho dos profissionais da escola mais aberto e participativo, sendo capaz de atender as necessidades dos envolvidos (comunidade escolar).
A partir disso, muitos cursos e estudos foram surgindo; os profissionais começaram a buscar o conhecimento, a prática e a tecnologia para atender a demanda das necessidades frente a esta “nova” visão.
Podemos dizer que hoje, as questões de gestão educacional, gestão democrática e liderança, estão instaladas na comunidade escolar, deixando de ser “modismo” para ser reconhecida como “necessidade” e “eficácia” no trabalho educativo.
Por outro lado, podemos também afirmar que ainda existem falta de clareza em algumas práticas de gestão do ponto de vista de administração escolar, liderança e a ação gestora pedagogicamente correta.
Precisamos, então, ter cuidado com a ótica que está sendo reconhecida como tarefa do gestor, pois a gestão corresponde a uma soma de talentos do grupo envolvido, organizado e promovido por um líder democrático e coerente.
Segundo Heloísa Luck:

“A visão de conjunto da educação e das ações da escola
constitui-se q natureza da gestão, em superação à ótica
fragmentada e setorizada da administração”.
(Direcional Educador – maio/2010).

Portanto, reconhecemos que liderar não é tarefa fácil e não depende de poucos, para que aconteça de maneira saudável o gestor precisa refletir primeiramente, se está clara a sua missão na instituição e se a missão da instituição é clara.
É preciso ter objetividade, pois esta é a questão fundamental de valores reais, aspirações e metas de cada um de nós enquanto gestores de uma escola, tendo como ponto de partida que o ato de gerir pode e deve ser aprendido e que não acarreta privilégios e sim responsabilidades. Ser um líder bem sucedido, em qualquer instituição, é um grande desafio. Por outro lado, esta busca por líderes verdadeiros para gerenciar projetos – sejam eles administrativos ou pedagógicos – não é fácil, encontrar pessoas que saibam usar a posição e o poder que um gestor tem em suas mãos, com sabedoria, é uma tarefa complicada.
Temos um modelo, um paradigma social, que cabe muito bem ao gestor, pois este precisa: ouvir, entender, proporcionar e ousar; ações difíceis na prática. Vislumbramos um gestor capaz de adequar os desafios, garantir as condições de sucesso, respeitar as diferenças, criar situações em que a pessoa tenha de escolher, ajudar a pessoa a definir metas e métodos, estimular a pessoa a correr riscos, ter mais cuidado e menos medo.
Mas, será que esta “pessoa” está preparada para assumir essas tarefas? Na realidade escolar lidamos também com a questão de que nem sempre o “Diretor” realiza o papel de “Gestor”, às vezes, esta responsabilidade vai para o “Coordenador” ou até mesmo para um “Professor” mais envolvido e comprometido, então acontece uma inversão de papéis e a fuga das responsabilidades – “Ninguém fez o que todo mundo poderia ter feito.”
Para liderança, é um sinal de alerta: o que estou realizando? Qual o meu olhar perante o grupo que represento? O que posso fazer para atender às necessidades? Neste sentido, cabe inserir algumas palavras chaves: qualidade, excelência, organização, mobilização e relacionamento.
Pois, liderar é relacionar-se. É no relacionamento com as pessoas que mostramos a credibilidade, a confiança e a sabedoria, como também, a capacidade de sempre poder aprender mais. O sucesso acontece onde há trocas, parcerias, cumplicidade e humildade. Mas para chegar nesta fase, muitos caminhos devem ser percorridos e são vários os desafios, como por exemplo, os quatro pilares:

Aprender a CONHECER.
Aprender a FAZER.
Aprender a CONVIVER.
Aprender a SER.
SER PARA CONVIVER
(Leite, Emanuel; 2000):

A aprendizagem é reconhecida como caminho, como fonte e também, humildade, pois a pessoa que está em desenvolvimento está sempre aprendendo, o que seria essa uma das metas da Formação Continuada proposta pelo sistema de ensino, que, muitas vezes, é esquecida ou vista como uma reunião com outros objetivos em algumas instituições.
De acordo com Luck, 2000, o diretor escolar é um gestor da dinâmica social, um mobilizador e orquestrador de atores, um articulador da diversidade para dar-lhe unidade e consistência, na construção do ambiente educacional e promoção segura da formação de seus alunos.
Quando o diretor assume a postura de gestor, seu entendimento deve ir além, precisa de base educacional, pedagógica e políticas públicas; realizando práticas interativas coerentes e alianças de trabalho apostando na coletividade.
Manter uma liderança democrática é o resultado de um processo pedagógico que envolve o conhecimento da legislação e também a implantação e consolidação de mecanismos de participação, tais como conselho escolar e grêmios estudantis, que contribuem de maneira eminente para a autonomia da escola.
Realizar uma gestão pedagogicamente correta requer busca e determinação, e ao gestor escolar cabe coragem, paciência e conhecimento, o que não vai acontecer naturalmente, precisa empenho e postura. Quando o gestor consegue desenvolver outros líderes no seu grupo, estará formando uma equipe sólida envolvida em objetivos comuns, isto é, objetivos da instituição Escola. Pois o gestor escolar com liderança competente, não faz o seu nome, faz de sua escola uma referência.
Cada mudança educacional requer mobilização e ação. Não podemos ficar esperando a próxima mudança, precisamos ousar e romper paradigmas, pois para uma sociedade tecnológica precisa ações atualizadas, que acompanhe o novo mundo e a escola não pode ficar no século anterior, precisa estar presente e atuante.
O momento é de atitudes gestoras, então os profissionais da educação precisam sair da zona de conforto e atualizar-se, estudar e atuar.
Gestão pedagogicamente correta é o olhar coletivo para a educação do hoje e do agora.







Referências bibliográficas:
• GERBER, Michael E. Empreender fazendo a diferença. São Paulo: Fundamento Educacional, 2004.
• LEITE, Emanuel. O fenômeno do empreendedorismo: criando riquezas. Recife: Bagaço, 2000.
• LEZANA, A. G.R. & TONELLI, A. Novos empreendedores nas escolas técnicas. Módulo 1 – O empreendedor. São Paulo: Instituto Uniemp, 1995.
• REVISTA DIRECIONAL EDUCADOR. Entrevista com Heloísa Luck – p. 6 a 10. Edição 64; maio/2010.

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